Nesta terça-feira, 2, o Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, viveu um dia histórico e cheio de tensão com o início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A Praça dos Três Poderes foi isolada, e quem decidiu acompanhar de perto precisou passar por rigorosa vistoria nos acessos ao prédio. A grande expectativa era se Bolsonaro compareceria pessoalmente à Primeira Turma, mas ele permaneceu ausente. Advogados informaram que a ausência foi motivada para preservar a saúde do ex-presidente.
Início do julgamento
O julgamento foi aberto oficialmente pelo ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma. Entre os presentes estavam o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e os ministros Flávio Dino, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Alexandre de Moraes, relator das ações referentes aos atos golpistas.
Alexandre de Moraes iniciou a sessão criticando a interferência do presidente norte-americano Donald Trump na Justiça brasileira, em um episódio que resultou na aplicação da Lei Magnitsky contra membros do STF. “O país e sua Suprema Corte só têm a lamentar que mais uma vez se tenha tentado um golpe de Estado”, afirmou Moraes, destacando que o Supremo julga com imparcialidade, independentemente de pressões internas ou externas.
Em seguida, o procurador Paulo Gonet apresentou a denúncia contra Bolsonaro e demais envolvidos. Segundo o MPF, o julgamento representa a Defesa da Democracia contra ações golpistas apoiadas pela violência. Gonet revelou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e o Gabinete de Segurança Institucional atuaram como central de espionagem paralela, monitorando adversários políticos sem autorização judicial, sob comando do presidente.
Defesas
O primeiro dia ainda contou com a defesa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, que solicitou a homologação da delação premiada. A fala de Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin, foi marcada pela intervenção da ministra Cármen Lúcia, que corrigiu informações sobre o sistema eleitoral e reforçou que as urnas eletrônicas são auditáveis. Já a defesa de Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, questionou a relação direta do militar com as ações ilegais, pedindo anulação de provas. O último a falar foi o advogado de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, que negou provas concretas contra seu cliente.
O segundo dia de julgamento está programado para esta quarta-feira, 3, a partir das 9h, e a expectativa é que novas polêmicas e tensões tomem conta do STF.







