Murilo Huff ingressou em uma briga judicial contra a ex-sogra, Dona Ruth, a fim de conseguir a guarda unilateral do filho que tem com Marilia Mendonça, o pequeno Leo. O imbróglio chegou a conhecimento público e, agora, a família troca farpas nas redes sociais referente aos cuidados do menino de 5 anos.
Em conversa com o Portal Marcia Piovesan, o psicólogo clínico Luti Christóforo explicou que a briga na Justiça pode afetar a saúde mental da criança. Segundo ele, o menino pode não demonstrar, mas os efeitos psicológicos surgirão a longo prazo.
“Litígios prolongados de guarda tendem a gerar insegurança, ansiedade e até sintomas depressivos na infância, que podem reaparecer na pré-adolescência em forma de dificuldades escolares, comportamentos de oposição ou baixa autoestima”, explicou.
Imbróglios de divórcio e guarda costumam causar efeitos negativos nos pequenos, que estão alheios a briga dos responsáveis: “Quando a criança presencia tensão entre os adultos de referência, ela sente que precisa ‘escolher lados’, o que desgasta seu sistema emocional ainda em formação. Estudos internacionais sobre disputas parentais de alta conflitividade mostram aumento de até 40% nos índices de transtornos de ansiedade generalizada em comparação a divórcios cooperativos”.
Esses danos emocionais, porém, podem ser revertidos ao longo da criação do menino: “Fatores protetores como rotina estável, comunicação afetiva, limites claros e acompanhamento psicológico, reduzem drasticamente esses riscos. Por isso, blindar o menino dos detalhes do processo e oferecer suporte terapêutico desde já favorece um desenvolvimento emocional saudável”.
Morar com o pai ou com a avó: o que é melhor?
Christóforo explica que, psicologicamente falando, alterar a rotina do menino pode ser prejudicial nessa fase do crescimento já que Leo está acostumado com a criação da avó desde os 11 meses de idade. Ou seja, idealmente, seria melhor que o menino continuasse com a guarda compartilhada.
“A literatura sobre apego mostra que mudanças bruscas de residência ou cuidador primário, sem transição gradual, podem provocar regressões comportamentais e dificuldades de regulação emocional. Idealmente, pai e avó deveriam atuar em coparentalidade colaborativa, permitindo que o menino permaneça no ambiente onde já se sente seguro, mas aumentando progressivamente a presença paterna no dia a dia. Assim ele preserva dois vínculos afetivos fundamentais, reduz a sensação de perda e aprende modelos distintos, porém complementares, de cuidado”, disse.
Perda da mãe
Segundo o psicólogo, um dos fatores mais tristes na vida de Leo é a perda da mãe. Ele explica que o menino teve que lidar com o luto precocemente. “Nessa fase do desenvolvimento, a criança ainda não compreende a irreversibilidade da morte; por isso tende a manifestar o luto por meio de alterações no sono, apego excessivo aos cuidadores ou comportamentos regressivos (voltar a usar linguagem infantil, por exemplo)”, disse.
Agora, porém, pode ser que o menino tenha noção que a mãe se foi, o que cria novas configurações emocionais em seu cérebro: “Ao completar cinco anos, ela passa a elaborar o conceito de finitude e pode surgir tristeza súbita ou curiosidade constante sobre a mãe. O impacto de longo prazo depende de como os adultos lidam com o tema: falar da mãe com naturalidade, manter rituais de lembrança (fotos, histórias, canções) e legitimar as emoções do menino ensina que a dor pode conviver com afeto e segurança”.
O ideal é que a família se mantenha atenta aos sinais do garoto: “Sessões de psicoterapia infantil, especialmente com técnicas lúdicas e orientação familiar, ajudam a transformar a perda em parte da narrativa de vida sem que ela se converta em trauma”.







