A reportagem movimentou as redes sociais e, assim, despertou a curiosidade de muita gente. Em meio às reações emocionadas, o interesse por formas personalizadas de preservar memórias cresceu ainda mais. Afinal, há algo muito humano nessa busca constante: o desejo de manter por perto aquilo que marcou profundamente a vida de alguém, sobretudo em momentos de saudade.
Nesse contexto, o trabalho de Márcio Miyakai se destaca naturalmente. Ele explica que o processo começa pela seleção e tratamento das cinzas, sempre com rigor técnico e ambiente esterilizado. Em seguida, o material é incorporado ao metal da joia — por fusão, prensamento ou encapsulamento — dependendo do modelo escolhido pela família. O acabamento, por outro lado, é totalmente artesanal, o que resulta em anéis, pingentes, relicários e outras peças discretas, porém carregadas de significado.
Segundo o especialista, a cadeia de custódia é um dos pontos essenciais para garantir autenticidade e segurança. Cada amostra é catalogada e manipulada individualmente, evitando qualquer risco de troca. Além disso, existem cuidados técnicos e legais que fazem parte do processo. Paralelamente, há o aspecto emocional: “As famílias chegam carregadas de histórias. Escutar faz parte do processo tanto quanto lapidar”, comenta.
Por esse motivo, para muitas pessoas, a joia se torna uma forma de presença contínua. Um objeto pequeno, mas extremamente simbólico, que traz conforto em dias difíceis. Depoimentos mostram que o uso diário da peça ajuda a tornar a memória mais leve, quase como um gesto silencioso de continuidade. Assim, a joia acaba funcionando como um elo íntimo entre o passado e o presente.
Márcio Miyasaki, que se especializou na técnica após anos na joalheria artesanal, já atendeu famílias em diversas situações. Seu trabalho se apoia na personalização e no cuidado em cada etapa, desde a primeira conversa até a entrega final. Dessa forma, ele mantém um padrão de humanização que se tornou sua assinatura.
Esse tipo de joalheria vem crescendo no Brasil e, ao mesmo tempo, acompanha tendências internacionais que ampliam o uso de materiais afetivos e novas tecnologias. À medida que esse mercado se desenvolve, surgem novas possibilidades criativas e simbólicas, permitindo que a memória seja celebrada de maneiras cada vez mais delicadas.
No fim, a prática que voltou a emocionar o país mostra que a joia deixa de ser apenas um acessório. Ela se transforma, portanto, em um elo sensível entre a memória e o presente — um gesto de carinho que permanece vivo no brilho de cada peça, atravessando o tempo com suavidade e significado.







