Especialista afirma que a doença atinge adultos entre 40 e 60 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade

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Personalidades famosas como o Padre Fábio de Melo e a atriz Mariana Rios já disseram publicamente que foram diagnosticados com a Síndrome de Ménière. Tanit Sanchez (CRM- SP 69.992), otorrinolaringologista e docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), explica que o problema é uma desordem do ouvido interno que afeta tanto a audição quanto o equilíbrio. É uma condição crônica caracterizada por episódios recorrentes de sintomas vestibulares e auditivos. “Foi descrita pela primeira vez pelo médico francês Prosper Ménière em 1861. A doença afeta tipicamente apenas um ouvido, mas pode se tornar bilateral em até 50% dos casos. A prevalência é estimada em cerca de 190 casos por 100 mil pessoas, provocando crises intermitentes de sintomas”, conta.

 

Segundo a especialista, a causa pode estar relacionada ao desequilíbrio na produção e absorção de endolinfa, o fluido presente no ouvido interno. “Este desequilíbrio leva a um aumento da pressão no labirinto membranoso, uma condição conhecida como hidropsia endolinfática. Fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da síndrome incluem a genética (histórico familiar), processos autoimunes, infecções virais, traumas na cabeça ou no ouvido, alergias e estresse”, aponta.

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Sintomas

A médica comenta que a Síndrome de Ménière é caracterizada por uma tríade clássica de sintomas, embora nem todos os pacientes sejam acometidos. São eles:

 

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Vertigem: episódios súbitos de tontura rotacional, com duração de 20 minutos a várias horas. Pode ser acompanhada de náuseas e vômitos.

 

Perda auditiva flutuante: afeta geralmente as frequências baixas, podendo melhorar após a crise, mas tende a piorar ao longo do tempo.

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Zumbido: som persistente no ouvido afetado, pode variar em intensidade e frequência.

 

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Dra. Tanit Ganz Sanchez – Foto divulgação

 

Tanit cita outros sintomas, como a sensação de pressão ou plenitude no ouvido; hipersensibilidade a sons (hiperacusia); desequilíbrio entre os episódios; ansiedade e depressão relacionadas à imprevisibilidade dos ataques.

 

Diagnóstico

Conforme a otorrinolaringologista, o diagnóstico é principalmente clínico, baseado na história do paciente e nos sintomas apresentados. No entanto, vários testes podem ser realizados para confirmar o diagnóstico e excluir outras condições: Avaliação audiológica: audiometria tonal e vocal; Imitanciometria.

 

Testes eletrofisiológicos: eletrococleografia, videonistagmografia; potencial evocado miogênico vestibular.

 

Exames de imagem: ressonância magnética para excluir tumores ou outras lesões.

 

Tratamento

É geralmente multifacetado e visa controlar os sintomas e prevenir os episódios. A médica diz que deve ser individualizado e pode requerer ajustes ao longo do tempo, dependendo da resposta do paciente e da progressão da doença. O acompanhamento regular com um otorrinolaringologista é essencial para o manejo adequado da Síndrome de Ménière. As abordagens incluem:

 

Modificações no estilo de vida: redução da ingestão de sal e açúcar; evitar cafeína, álcool e tabaco; gerenciamento do estresse.

 

Medicamentos: diuréticos, antieméticos para náuseas; vasodilatadores para melhorar o fluxo sanguíneo no ouvido interno; corticosteroides (orais ou intratimpânicos).

 

Terapias de reabilitação: reabilitação vestibular; terapia cognitivo-comportamental.

 

Procedimentos minimamente invasivos: injeções intratimpânicas de gentamicina ou de corticosteroides.

 

Cirurgias (em casos refratários): descompressão do saco endolinfático; labirintectomia; neurectomia vestibular.

 

Síndrome de Ménière e a labirintite

De acordo com Tanit, as duas doenças compartilham alguns sintomas semelhantes, o que pode levar à confusão no diagnóstico. Ela esclarece que a vertigem na Síndrome de Ménière é episódica e recorrente, enquanto na labirintite geralmente ocorre como um episódio agudo. A especialista observa que a duração dos sintomas na Síndrome de Ménière é crônica, com episódios recorrentes, ao passo que na labirintite os sintomas são geralmente autolimitados.

 

A perda auditiva na Síndrome de Ménière é flutuante e progressiva, enquanto na labirintite pode ocorrer, mas é geralmente temporária. “O zumbido é comum na Síndrome de Ménière, mas na labirintite não é tão frequente. A causa da Síndrome de Ménière é multifatorial, relacionada à hidropsia endolinfática, enquanto a labirintite é geralmente causada por infecções virais ou bacterianas. Por fim, o início da Síndrome de Ménière tende a ser gradual, em contraste com o início súbito típico da labirintite”, conclui.