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Dr. Luiz Dieckmann alerta para sinais silenciosos de abuso emocional em homens

Published 23/05/2025

Dr. Luiz Dieckmann, médico psiquiatra atuante na área da saúde mental.

A recente exposição nas redes sociais do modelo Guilherme Leonel, que anunciou o fim de seu relacionamento com a atriz Carol Nakamura, gerou repercussão ao mencionar sentimentos de esgotamento emocional e baixa autoestima vivenciados durante a relação. Embora não tenha havido acusações formais, o relato pessoal reacendeu o debate sobre a saúde mental de homens em relacionamentos afetivos.

 

Diante da repercussão, o psiquiatra Dr. Luiz Dieckmann, especialista em saúde mental e relações interpessoais, foi convidado a comentar o tema. O médico reforça que não participou de nenhuma avaliação relacionada ao casal citado e que suas observações são voltadas a contextos amplos, com base em sua experiência clínica.

De acordo com o psiquiatra Luiz Dieckmann, especialista em saúde mental e relações afetivas, a violência psicológica contra homens é subnotificada, justamente por causa dos estigmas que cercam a masculinidade.

“Há uma ideia social de que o homem deve aguentar tudo calado, que ele precisa ser forte, resolver tudo sozinho. Isso torna muito difícil para um homem reconhecer que está sofrendo abusos emocionais, é ainda mais complicado buscar ajuda”, explica.

Segundo Dieckmann, os sinais de violência psicológica podem incluir manipulação emocional, críticas constantes, desvalorização, chantagens e uma exigência exagerada por desempenho ou atenção.

“Muitos homens são levados ao limite emocional sem perceber que estão em um relacionamento tóxico. Só procuram ajuda quando os sintomas de exaustão mental já se transformaram em quadros graves, como depressão ou transtornos de ansiedade”.

No relato publicado por Guilherme Leonel, ele menciona que “nunca era suficiente” e que, apesar de lutar pelo relacionamento, sentia-se esgotado e não reconhecido. Para o psiquiatra, essas expressões são comuns em vítimas de violência emocional.

“A sensação constante de insuficiência é um dos efeitos mais nocivos do abuso psicológico. A vítima começa a duvidar de si mesma, a se culpar pelo fracasso da relação, quando na verdade está sendo manipulada ou controlada”.

Dieckmann ressalta ainda que o abuso não se limita a um gênero.

“Mulheres são, sim, as maiores vítimas de violência doméstica no Brasil, mas isso não pode impedir que falemos também sobre os homens que sofrem — especialmente em relações que, na aparência, parecem equilibradas, mas escondem um desequilíbrio afetivo profundo”.
A recomendação do especialista para homens que se reconhecem em situações semelhantes é procurar ajuda profissional. “Psicoterapia, grupos de apoio e avaliação psiquiátrica são ferramentas fundamentais para reconstruir a autoestima e sair de ciclos de abuso. Não é fraqueza admitir que se sofre; é, na verdade, o primeiro passo para retomar o controle da própria vida”.

Ainda pouco discutida, a violência psicológica contra homens é um tema que começa a ganhar espaço no debate público, especialmente à medida que mais pessoas compartilham experiências de desgaste emocional em relacionamentos.

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