Publicidade

Pathy Dejesus diz ter sido ‘usada’ para fingir diversidade: ”Se precisavam de uma negra, me colocava lá”

Atriz reclamou da diversidade “forjada” e os padrões estéticos inalcançáveis que existem em no mundo da moda

Pathy DeJesus fala sobre diversidade no mundo da moda. Créditos: Reprodução/Instagram

A atriz Pathy Dejesus revelou que serviu de “token” durante boa parte de sua carreira no mundo da moda, serviu de “token”. O termo da língua inglesa é usado para caracterizar a representatividade “forçada” de pessoas negras, LGBTQ+, ou mulheres para fingir diversidade em muitas marcas.

Publicidade

“Acho que fui muito usada no mundo da moda. Se precisavam de uma negra, colocavam a Pathy lá. Na época, eu não percebia, mas tinha algumas sensações”, revelou. “Sabia que tinha que batalhar muito mais do que as minhas colegas não negras. E o pior: não tinha um convívio bacana com as outras poucas modelos negras, porque a gente tinha uma competição muito grande”, disse em entrevista a Marie Claire.

Anos depois, a artista conta que notou mudanças nesses cenários e que hoje enxerga mais união entre as modelos: “A moda, e a sociedade como um todo, está vivendo uma comoção, sobretudo agora com o isolamento. Finalmente está rolando um ‘basta!’”.

Ainda assim, Pathy defende que muitas coisas precisam mudar nos bastidores, inclusive o despreparo e de interesse de muitos profissionais para maquiar mulheres negras: “Acontece até hoje: falta de produtos, de interesse, de pesquisa sobre a pele, o cabelo da mulher negra. Não tinha demanda. Naquela época, era compreensível, porque o material era caro, importado. Quando tinha, era um coringa que precisava servir para todos os tons de pessoas negras — e isso não existe. Nos meus primeiros trabalhos como modelo, sempre apareço cinza”, contou.

Por fim, a estrela da série Coisa Mais Linda criticou os padrões de beleza inalcançáveis que perpetuam e atormentam mulheres até hoje: “Tinha a exigência de ter quadril com 89 centímetros. Que mulher negra tem esse quadril? Sou a exceção da exceção. Também mantive o meu cabelo alisado, porque era uma zona de conforto para todo mundo. As modelos em geral têm uma vida dura que ninguém vê, mas as modelos negras estão várias casas atrás”, completou.

Publicidade